O Programa de Formação no Rio de Janeiro – RJ
Ao final do ano de 1994, o CESTEH/ENSP foi procurado por membros da diretoria do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) para tratar da realização de uma pesquisa sobre as condições de saúde dos funcionários da rede pública de escolas do estado e do município do Rio de Janeiro, iniciando-se o estudo pelo grupo de serventes e merendeiras. Esses diretores pertenciam, na estrutura organizacional do sindicato, à Secretaria de Funcionários, representando o grupo dos chamados funcionários “de apoio” da educação, que corresponde a merendeiras, serventes, vigias, inspetores, administrativos, animadores culturais e outros. Em 1997, o grupo de pesquisa que assumiu esta demanda é ampliado, especialmente através da parceria com pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Neste contexto, a partir de 2000, iniciu-se o desenvolvimento do Programa de Formação no Rio, com a participação de diretores sindicais de diferentes Regionais e Núcleos do SEPE (cuja base é constituída, respectivamente, de acordo com a região da cidade ou estado), que tornaram-se multiplicadores. Em seguida, esta primeira “turma” participou da multiplicação desta Formação , dirigida aos trabalhadores vinculados às mesmas Regionais e Núcleos. Assim, dos ciclos seguintes participaram trabalhadores de bairros da chamada Zona Oeste, assim como de Madureira e área da Leopoldina (subúrbio da cidade do Rio de Janeiro). A multiplicação englobou ainda: a cidade de Angra dos Reis, municípios da Baixada Fluminense, (Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Nilópolis, São João de Meriti, Queimados e Mesquita) e a Região do Médio Paraíba (compreendida por Volta Redonda, Barra Mansa, Piraí, Barra do Piraí, Itatiaia, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro, Rio das Flores e Valença). Uma experiência distinta foi a Formação de trabalhadores de uma única escola do município de Barra Mansa, no ano de 2003, por demanda dos próprios.
De 2004 a 2007 demos uma “pausa” em ações de Formação no Rio de Janeiro no formato do Programa, pois avaliamos que era o momento de sindicato e dos trabalhadores realizarem a multiplicação de seu modo próprio. Mas em 2008 propusemos retomar o Programa e organizamos com a então Secretaria de Saúde do SEPE mais dois ciclos de Formação , para trabalhadores vinculados à diferentes regionais da capital e à região do Médio Paraíba.
Os resultados e desdobramentos do Programa de Formação no Rio
Observamos que durante esses anos as aspirações dos trabalhadores do Rio foram difundidas e que buscou-se intervir sobre certos problemas passíveis de serem resolvidos no âmbito das escolas. Podemos afirmar a existência de um consenso em torno de algumas propostas para melhorar as condições de trabalho nas escolas. Como exemplo, podemos considerar a propagação da necessidade de um carrinho para transportar panelas pesadas e para deslocar mantimentos nos espaços da cozinha. O carrinho se tornou uma reivindicação do coletivo dos trabalhadores e no Encontro Municipal de Funcionários das Escolas Públicas, realizado em agosto de 2008, o SEPE anunciou a compra de dois carrinhos por escola, por parte de uma determinada seção da Secretaria de Educação [3ª CRE].
Isso demonstra que o debate que vem se travando, não só nos cursos, como também em palestras e conferências realizadas por pesquisadores e multiplicadores em congressos e encontros organizados pelo sindicato, propicia mudanças, entre as quais citamos as seguintes por serem mais recorrentes:
- Substituição do quadro-de-giz por quadro branco e caneta pilot
- Instalação de bebedouro nos corredores das salas de aula
- Eliminação das meias-paredes nos CIEPs
- Colocação de antiderrapante nas rampas dos CIEPs
- Reativação de salas de professores
- Adaptação de tanques, pias e bancadas nas cozinhas
- Aquisição de carrinho, de modelo-padrão, para transporte de panelas
Cabe destacarmos outro aspecto de mudanças ocorridas em algumas escolas do Rio, que são aquelas referentes às relações entre os trabalhadores. Este resultado não é passível de mensuração. Entretanto, os trabalhadores durante as atividades do Programa expressaram a necessidade de mudança nesse sentido, pois se relatam o esforço e sacrifício vinculados ao trabalho nas escolas, igualmente se referem a um sentimento de satisfação pessoal, de uma recompensa simbólica gerada por suas atividades.

Parceiros


